Quando falamos sobre obesidade infantil, é comum ouvirmos frases como “é só fechar a boca”, “tem que comer menos” ou “essa criança é muito gulosa”.

Mas essa é uma visão simplista e injusta sobre um problema que é complexo, multifatorial e de saúde pública.

Neste post, quero te mostrar — como pediatra — por que a criança não engorda só por comer muito, e como podemos mudar essa realidade com acolhimento, informação e estratégias baseadas em ciência.


1. Genética e metabolismo: o que está no corpo e não nos olhos dos outros

Algumas crianças têm predisposição genética ao acúmulo de gordura, com metabolismo naturalmente mais lento ou maior tendência à resistência à insulina. Elas podem ganhar peso mesmo com uma alimentação que não parece “exagerada”.
A ciência já identificou genes e variantes que interferem no apetite, na saciedade e no gasto energético.


2. Sono: dormir pouco aumenta a fome

A privação de sono altera a produção de leptina (hormônio da saciedade) e grelina (hormônio da fome).
Uma criança que dorme mal pode comer mais no dia seguinte, com preferência por alimentos mais calóricos.
Além disso, o sono ruim afeta o humor, o comportamento e o rendimento escolar.


3. Emoções e alimentação: não é só sobre o que se come, mas por que se come

A alimentação é também um ato emocional.
Crianças que vivem situações de estresse, luto, bullying, separações familiares ou insegurança podem usar a comida como forma de conforto.

Isso não é “manha”: é um mecanismo de sobrevivência emocional.


4. Estilo de vida moderno e sedentarismo invisível

A maioria das crianças hoje passa horas em frente a telas, com pouco tempo para brincar ao ar livre, correr ou se movimentar.
Mesmo sem “comer demais”, o baixo gasto energético diário contribui para o acúmulo de gordura corporal.


5. Alimentação importa, mas precisa ser olhada no contexto

É claro que os hábitos alimentares influenciam o peso.
Mas é preciso considerar:

  • A cultura alimentar da família

  • A disponibilidade de alimentos saudáveis

  • O acesso a espaços de lazer

  • A rotina da casa e da escola

Culpabilizar os pais ou a criança não ajuda — só afasta do cuidado.


Obesidade não é culpa. É um sinal de alerta que precisa de acolhimento e orientação

Se seu filho ou filha está acima do peso, não se culpe e não o culpe.
Procure ajuda especializada. O tratamento da obesidade infantil deve envolver:

  • Equipe multiprofissional

  • Mudanças realistas de rotina

  • Educação alimentar afetiva

  • Acompanhamento do crescimento e saúde metabólica


Como pediatra, meu papel é te ajudar a entender o que está por trás do ganho de peso, sem julgamento — só com escuta, ciência e empatia.

Se esse conteúdo fez sentido pra você, compartilhe com outras famílias.
Você pode marcar uma consulta para orientação individualizada e iniciar um plano de cuidado respeitoso e eficaz.


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