A criança não engorda só por comer muito: entenda as verdadeiras causas da obesidade infantil
1 julho, 2025
Quando falamos sobre obesidade infantil, é comum ouvirmos frases como “é só fechar a boca”, “tem que comer menos” ou “essa criança é muito gulosa”.
Mas essa é uma visão simplista e injusta sobre um problema que é complexo, multifatorial e de saúde pública.
Neste post, quero te mostrar — como pediatra — por que a criança não engorda só por comer muito, e como podemos mudar essa realidade com acolhimento, informação e estratégias baseadas em ciência.
1. Genética e metabolismo: o que está no corpo e não nos olhos dos outros
Algumas crianças têm predisposição genética ao acúmulo de gordura, com metabolismo naturalmente mais lento ou maior tendência à resistência à insulina. Elas podem ganhar peso mesmo com uma alimentação que não parece “exagerada”.
A ciência já identificou genes e variantes que interferem no apetite, na saciedade e no gasto energético.
2. Sono: dormir pouco aumenta a fome
A privação de sono altera a produção de leptina (hormônio da saciedade) e grelina (hormônio da fome).
Uma criança que dorme mal pode comer mais no dia seguinte, com preferência por alimentos mais calóricos.
Além disso, o sono ruim afeta o humor, o comportamento e o rendimento escolar.
3. Emoções e alimentação: não é só sobre o que se come, mas por que se come
A alimentação é também um ato emocional.
Crianças que vivem situações de estresse, luto, bullying, separações familiares ou insegurança podem usar a comida como forma de conforto.
Isso não é “manha”: é um mecanismo de sobrevivência emocional.
4. Estilo de vida moderno e sedentarismo invisível
A maioria das crianças hoje passa horas em frente a telas, com pouco tempo para brincar ao ar livre, correr ou se movimentar.
Mesmo sem “comer demais”, o baixo gasto energético diário contribui para o acúmulo de gordura corporal.
5. Alimentação importa, mas precisa ser olhada no contexto
É claro que os hábitos alimentares influenciam o peso.
Mas é preciso considerar:
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A cultura alimentar da família
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A disponibilidade de alimentos saudáveis
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O acesso a espaços de lazer
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A rotina da casa e da escola
Culpabilizar os pais ou a criança não ajuda — só afasta do cuidado.
Obesidade não é culpa. É um sinal de alerta que precisa de acolhimento e orientação
Se seu filho ou filha está acima do peso, não se culpe e não o culpe.
Procure ajuda especializada. O tratamento da obesidade infantil deve envolver:
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Equipe multiprofissional
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Mudanças realistas de rotina
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Educação alimentar afetiva
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Acompanhamento do crescimento e saúde metabólica
Como pediatra, meu papel é te ajudar a entender o que está por trás do ganho de peso, sem julgamento — só com escuta, ciência e empatia.
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Você pode marcar uma consulta para orientação individualizada e iniciar um plano de cuidado respeitoso e eficaz.
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